Rogerio Lopes’s Reviews > O Castelo > Status Update

Chegando na reta final as semelhanças e dessemelhanças com O Processo sem impõem, se neste temos uma vigilância por parte de todos, aqui no O Castelo temos a punição sendo exercida por todos sem nem mesmo a ofensa ter sido julgada ou sequer protocolada.

É difícil não ler O Castelo sem relacionar com alguns autores, mesmo com minhas leituras rudimentares, não tem como não pensar inicialmente em Freud pelo imenso recalque e repressão e em Foucault ao notar como o poder se ramifica e se entrelaça nas relações entre o Castelo e o vilarejo.

Para além do clima de irrealidade talvez o maior "problema" seja que ao contrário do Josef K em O Processo o sr. K. aqui não nos inspira simpatia alguma, aliás nenhum personagem aqui nos desperta maior interesse.

Para além das semelhanças com O Processo, chama a atenção aqui a relação em algum nível sadomasoquista que K estabelece com seu entorno. Longe de se sentir totalmente incomodado K parece ter sentimentos ambíguos para com esse Pai inacessível no "Castelo".

Para além do clima de irrealidade, abusos absurdos de autoridade e do clima de desorientação que permeia o romance é patente como o texto exala repressão e contenção sexual. Aqui e ali encontramos passagens onde a tensão erótica é palpável e ao mesmo tempo reprimida, castrada.

Já começa com aquele clima "gostoso" de irrealidade e autoridades arbitrárias fazendo desmandos. Leitura para o Traçando Livros.