Paula Mota’s Reviews > A árvore derrubada pelos frutos > Status Update
Paula Mota
is on page 65
Trazer o horizonte ao nosso lado,
içá-lo na rua como uma bandeira,
incendiar com o seu corpo nu
o ar, o coração e as esquinas
e fechar as janelas para que não desapareça.
Inicar então a sua conversão.
até pô-lo firmemente de pé,
como uma árvore ou um amor desvelado.
E colocar o horizonte na vertical,
numa fina torre
que nos salve pelo menos o olhar,
até cima ou para baixo.
— Jan 20, 2021 11:37AM
içá-lo na rua como uma bandeira,
incendiar com o seu corpo nu
o ar, o coração e as esquinas
e fechar as janelas para que não desapareça.
Inicar então a sua conversão.
até pô-lo firmemente de pé,
como uma árvore ou um amor desvelado.
E colocar o horizonte na vertical,
numa fina torre
que nos salve pelo menos o olhar,
até cima ou para baixo.
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Paula’s Previous Updates
Paula Mota
is on page 119
Acordei demasiado cedo
e comecei a pensar no eterno,
mas não na grande eternidade das preces,
antes nas pequenas eternidades esquecidas.
A parte do rio que não flui,
o que sempre se cala na cidade,
o lugar que não dorme no teu corpo adormecido,
o que não desperta no meu corpo desperto.
Senti então que as pequenas eternidades
são preferíveis à grande eternidade.
E não consegui tornar a adormecer.
— Jan 25, 2021 11:54AM
e comecei a pensar no eterno,
mas não na grande eternidade das preces,
antes nas pequenas eternidades esquecidas.
A parte do rio que não flui,
o que sempre se cala na cidade,
o lugar que não dorme no teu corpo adormecido,
o que não desperta no meu corpo desperto.
Senti então que as pequenas eternidades
são preferíveis à grande eternidade.
E não consegui tornar a adormecer.
Paula Mota
is on page 79
Pensar é uma incompreensível insistência,
algo parecido com alongar o perfume da rosa
ou fazer furos de luz
numa porção de treva.
E é também transbordar algo
numa insensata manobra
a partir de um barco inabalavelmente afundado
numa navegação sem barco
Pensar é insistir
numa solidão sem retorno.
— Jan 22, 2021 11:50AM
algo parecido com alongar o perfume da rosa
ou fazer furos de luz
numa porção de treva.
E é também transbordar algo
numa insensata manobra
a partir de um barco inabalavelmente afundado
numa navegação sem barco
Pensar é insistir
numa solidão sem retorno.
Paula Mota
is on page 37
Há mensagens cujo destino é a perda,
palavras anteriores ou posteriores ao seu destinatário,
imagens que saltam do outro lado da visão,
signos que apontam mais acima ou mais abaxo do seu alvo,
sinais sem código,
mensagens envoltas noutras mensagens,
gestos que chocam contra a parede
(...)
Mas toda a perda é o pretexto de uma descoberta.
As mensagens perdidas
inventam sempre quem deve encontrá-las.
— Jan 17, 2021 04:30PM
palavras anteriores ou posteriores ao seu destinatário,
imagens que saltam do outro lado da visão,
signos que apontam mais acima ou mais abaxo do seu alvo,
sinais sem código,
mensagens envoltas noutras mensagens,
gestos que chocam contra a parede
(...)
Mas toda a perda é o pretexto de uma descoberta.
As mensagens perdidas
inventam sempre quem deve encontrá-las.
Paula Mota
is on page 15
Penso que neste momento
talvez ninguém no universo pense em mim,
que só eu me penso,
e se agora morresse,
ninguém nem eu me pensaria.
E aqui começa o abismo,
como quando adormeço.
Sou o meu próprio apoio e dele prescindo
Contribuo para decorar tudo na ausência.
Talvez seja por isto
que pensar num homem
se parece com salvá-lo.
— Jan 17, 2021 10:25AM
talvez ninguém no universo pense em mim,
que só eu me penso,
e se agora morresse,
ninguém nem eu me pensaria.
E aqui começa o abismo,
como quando adormeço.
Sou o meu próprio apoio e dele prescindo
Contribuo para decorar tudo na ausência.
Talvez seja por isto
que pensar num homem
se parece com salvá-lo.

