Mariana Carpanezzi's Blog

September 4, 2016

Relato sobre minha experiência com a minha meditação

1. Sabão em pó, banana e leite

Não foi da noite pro dia. Quer dizer: foi. Mas demorou quinze anos. Depois demorou mais dois. Mas quando aconteceu, precisou de menos de um segundo.

Ouvi falar em meditação pela primeira vez quando tinha uns quinze anos, ainda na década de 90. Vivia em Curitiba e uma amiga que fazia tai-chi me disse algo sobre umas práticas de relaxamento e respiração. Naquela época, bem-estar e espiritualidade não eram moda. Ninguém fazia Pilates, ninguém praticava yoga e meditação era sinônimo de budismo. Quem sentava numa almofadinha em silêncio, portanto, estava ali para alcançar a iluminação. Sendo uma dessas pessoas bem ordinárias e prosaicas, nunca achei que pudesse passar 20 minutos em silêncio, concentrada, e menos ainda me iluminar. E então foi assim, derrotada pela minha própria auto-imagem, que fechei a porta sem nem tentar e me escondi ali, atrás dela, espiando de longe os meditadores todos do mundo como se eles tivessem algo especial que sem sombra de dúvida devia estar faltando em mim.

Quinze anos mais tarde as coisas tinham mudado bastante. O ano era 2011 e agora todo mundo que eu conhecia fazia yoga – inclusive eu. O David Lynch já tinha publicado um livro relacionando meditação e processo criativo, e volta e meia saía algum artigo na internet informando que a ciência reconhecia que meia hora de silêncio melhorava as funções cerebrais, a concentração, o sono. Sentada na sala do meu apartamento, eu arrumava as malas pra me mudar pra Suíça enquanto um amigo do trabalho tomava uma cerveja na varanda, falando das suas experiências com a meditação.  Ele descrevia um universo de aventuras visuais e auditivas, um silêncio cristalino, chuvas de insight e compreensão sobre a própria existência. “Também posso”, concluí, ouvindo o amigo normal, e naquele dia resolvi que iria atravessar a porta e colocar o pezinho pra dentro daquele mundo apetitoso.  Anotei no caderninho: chegando em Genebra, minha primeira providência vai ser procurar um grupo e aprender a meditar.

Não um, mas todos deste mundo. Nos dois anos seguintes, sentei nas almofadinhas ao lado de centenas de meditadores na Suíça e na França. Pratiquei Vipassana religiosamente às terças e quintas, cantei horas e horas de mantra junto com outras pessoas para me purificar e concentrar os pensamentos, fiz cursos pra desenvolver a mente compassiva com uma monja respeitada dentro da tradição do budismo tibetano e – ainda com os tibetanos – passei a frequentar grupos de meditação todos os sábados. Não satisfeita, me aventurei a sentar de frente para a parede num templo subterrâneo parisiense onde uma mestre me introduziu à meditação zen.

Não deu certo. Mais: não deu certo nenhuma vez. Fui a  maior heroína derrotada da história das religiões orientais. Nenhum silêncio cristalino, nenhuma sensação mística transcendental. Minha cabeça virou uma maquininha, e era só eu sentar que começava a lista do mercado: “sabão em pó, duas caixas de leite e banana... Será que ainda ficou maçã na geladeira”?

No dia da meditação zen eu dormi, bati a testa na parede, atrapalhei a concentração de todos os demais meditadores super sérios franceses vestidos de quimono preto e quis morrer de vergonha.

2.  O tempo além do tempo 

E então um dia aconteceu.  Inesperadamente, sem aviso e nem glamour, num retiro silencioso que estava sendo transmitido ao vivo pela internet. No telão que montamos na sala de uns amigos, ouvi o mestre lá do outro lado do mundo dando as boas-vindas e introduzindo os ensinamentos. Eu tinha trinta e três anos na noite do dia 11 de setembro de 2013.

As pálpebras que fecham um olho de cada lado, de uma só vez, e na terceira frase também as outras cortinas entre o meu corpo e aquilo que está do lado de fora da minha pele caíram, todas as janelas se trancaram.  E a sensação foi assim: você tem um quarto em casa que não foi aberto nos últimos trinta anos. Nem no inverno e nem no verão, e pode parecer que é só o hábito de não perder tempo ali que te afasta, mas na verdade existe, misturado com ele, esta reação de evitar os lugares desagradáveis. Até que um dia alguém te empurra, você entra sem querer e descobre que a maior parte das coisas que você tinha lá dentro apodreceu e fede.

Este quarto é você. E quem entra também é você. As coisas que você encontra são você. A porta é você, a travessia é você, e o corpo que te assiste dando o passo é você. E o tempo no qual todos os gestos acontecem, este tempo acontece dentro do espaço consciente daquilo que você é.

No silêncio, todos os quartos esquecidos e tudo aquilo que está dentro dele vai aparecendo e sendo revivido. Estar vivo e aberto é a senha para penetrar estes lugares secretos. Dói e também é bom, que nem aquele prazer de tirar casca de ferida. Meditar, assim, não faz parte dos nossos hábitos de agir a partir de uma intenção. É preciso ligar outro canal. Não medito pra me acalmar, nem para controlar os pensamentos, nem pra pensar coisas boas ou descobrir algo. Entro na água, atravesso a arrebentação, chego no fundo, deito de costas e vou boiando. Passam ondas e passam as correntes, chegam os peixinhos mas eu não abro o olho e não sei onde vou parar. É o mar quem decide. Mas a experiência é minha, e só eu posso sobreviver pra saber como é sair boiando pelo oceano selvagem dos vários mins.

No primeiro ano meditei todos os dias, muitas horas por dia. Sentava sozinha em silêncio e deixava tudo acontecer sem me mexer nem um pouquinho. Tive a sorte de encontrar o meu mestre muitas vezes, também, e ele me orientava. Às vezes vinha raiva de alguém, e eu ficava com a raiva – vivia com, não apesar dela: sem tentar fingir que não tava acontecendo, sem tentar reprimir e nem substituir por algum sentimento mais nobre. Sentia os lugares do meu corpo onde a raiva acontecia, e às vezes ela era uma explosão de rancores tão forte que era como se não existisse mais nada além das injustiças todas que já sofri nesta vida. E de repente a raiva passa. Eu continuo. Às vezes aparecem os amigos, às vezes aparecem os arrependimentos, as palavras que nunca falei e que nunca mais vou poder falar pro meu avô preferido, e muitas vezes vem tanto amor que parece que o ponto no meio do meu tórax está com um buraco que não para mais de vazar.

Com o tempo, a prática da meditação foi ficando tão normal que começou a transbordar. Existiam as horas de sentar em silêncio, sozinha, mas me dei conta que, inconscientemente, tinha passado a praticar o mesmo princípio à minha existência ordinária. Em vez de reagir, foi sem querer que comecei a observar. Quando alguma coisa requeria um gesto ou uma ação, o gesto e a ação vinham, mas sem o mesmo tipo de investimento emocional de antes. Como a raiva, no colchãozinho: vem, fica, abre a porta e vai embora.

Eu continuo.

3. Depois agora

Esparramada, como se tornou, entre os momentos de retiro em cima da almofada e a hora de pagar a conta na padaria, já não sei discernir com tanta clareza quais são os benefícios que a meditação me trouxe. Para dizer bem a verdade, nunca procurei meditar por causa do ponto de chegada, mas por causa da travessia. E olhando para trás, foi tudo travessia, mesmo a solidão embalada pela lista de mercado. A única diferença é que eu tentava de todo jeito fazer a lista de mercado desaparecer, em vez de deixar a banana e o sabão em pó desfilarem, simplesmente, sem prestar tanta atenção.

Existe um mantra, o do sutra do coração, que diz: gate gate paragatte parasamgatte bodhi svaha.  Um monge zen uma vez me deu essa tradução possível que não é bem literal, mas é linda: “sempre ser, sempre tornar-se Buda”. O que ele anuncia é essa linha que nunca começa e nunca termina entre o ser e o tornar-se. Ao longo dela, a existência é ininterrupta e orgânica, um começo se junta com um fim, e as ideias de nascimento e morte não conseguem descrever aquilo que só acontece como transformação. O universo, dizem os físicos, continua em expansão.

Medito porque, quando fico sozinha e em silêncio, caminho e sou caminhada pela existência como quem anda numa sala de espelhos em que tudo reflete tudo. Cada imagem me devolve em regressão infinita, eacho que nunca vou chegar ao fim de mim mesma. Não no desta daqui, a pequena. No da outra.

Para entender, é preciso, talvez, dar um passo para o além da mente lógica. Para ir além da mente lógica, minha alternativa é meditar.

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Published on September 04, 2016 06:12

January 20, 2016

AVENTURAS DO ESCREVER INDEPENDENTE - UM FOLHETIM EM 5 PARTES

CAPÍTULO 1: COMEÇOU ASSIM

Inesperado, porque é da sorte dos milagres. Careca e sem pátria, um dia me assisti num apartamento de Brasília com três desconhecidos tão diferentes entre si que, entendi, só podiam ser cidadãos de planetas localizados numa galáxia far, faraway: uma Gabi, um Dani e uma Carol. No fim daquela noite, sem mais porquês, eles me convidaram para publicar um livro pelo selo literário que tinham acabado de criar.

Foi assim que aconteceu.







Primeiro estudo de ilustração para O mundo sem anéis. O desenho nunca foi para a versão final do livro (Genebra, 2014)





Primeiro estudo de ilustração para O mundo sem anéis. O desenho nunca foi para a versão final do livro (Genebra, 2014)








Um ano e meio passou, e eu escrevi o livro durante nove meses. Meu avião saiu de Frankfurt para Lisboa, e de Portugal aterrissou em Brasília com uma Mariana que tinha um nome novo de Surina e que não sabia muito bem pra onde voltar e nem por qual razão: voltar era muito e suficiente. Na tarde do dia 7 de dezembro de 2015, recebi da gráfica dezesseis caixas de livros no endereço de uma casa emprestada, na Asa Norte. Na noite seguinte, fizemos uma festa de lançamento com os novos títulos do selo Longe - eu, aquela Gabi, aquela Carol, aquele Dani e um Yury, que eu então acabava de conhecer. Nossa festinha encheu, leitores apareceram, amigos que não via há cinco anos vieram dar beijos e parabéns. Era meia-noite passada quando todo mundo foi embora. Limpamos a bagunça, jogamos copos de plástico e restos de comida no lixo, tiramos fotos de divulgação, tomamos uma cerveja e formos dormir.

Naquele noite, cheguei no quarto da casa emprestada morrendo de sono. Escovei os dentes e deitei no meu colchãozinho de solteiro. Sozinha, não. Na cama, nós três, abraçados no mar enorme do desconhecido, caravelas sem desbravadores morrendo de medo daquilo que se esconde dos lados de lá

: eu, minha nova vida no Brasil e quatorze e meia caixas cheias do meu novo livro - a mais nova bucha que eu tinha acabado de inventar.

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Published on January 20, 2016 05:48

December 17, 2015

Voltar

Um dia a gente volta.

Quase cinco anos fora, e um dia a volta ao Brasil.

Fui embora de um jeito que era assim: quis fugir, viver num país diferente, viver de uma forma que nem eu sabia direito o que era, fazer uma vida que eu imaginava um sonho, e foi tudo uma merda esplêndida, com muitos fogos de artifício. Merda de um jeito que nenhuma das fotos do Facebook mostrou. E teve dores, e teve dúvidas (as minhas, não as dos outros), e teve isso de entender - do que era isso que eu fugia? 

E teve muitas alegrias, também.

Teve muitas visitas ao Brasil, e em cada uma era uma ponte em chamas, meu lost in translation, e ao longo de meia década eu ganhei muitas bagagens a mais pra resolver. Aqui, sozinha, dentro do peito, no silêncio das minhas escolhas e desencontros tão familiares. "Ah, você está em Paris..." Pra além do glamour aparente, saiba: lá não falavam a minha língua. Mas aqui já não falavam, também.

Existe muito de viagem, mas nunca vi algo sobre voltar. E voltar tem isso, sabe? Que o lost in translation não se resolve nas fronteiras. "E agora? Onde você vai morar?" Só que o meu namorado é alemão. Eu, que não sei nem de mim, sei muito menos de nós, essa entidade abstrata que no fim das contas não passa de uma conjugação qualquer num tempo que se chama "primeira pessoa do plural". Me diga, se for verdade: você alguma vez soube alguma coisa sobre o seu "nós" pessoal? 

Olha, eu não sei se algum dia nesse planeta ele vai querer viver pra sempre aqui. Nem eu. Não sei a que lugar do planeta eu pertenço - e quem dirá ele, que nunca pisou pés na tropicalidade sem limites, sem coerência, cheia de amor e de verdades intransponíveis. Pra te dizer bem a sério, nem sei se tal planeta ainda foi criado no nosso sistema solar. O que eu sei é que tenho dúvidas. Deus sabe melhor se algum dia vou conseguir me entender. E tenho certeza que o outro, esse enigma, só me existe na diferença incompreensível. Seja na primeira pessoa do plural ou na terceira do singular. Ponto.

Então eu volto. Assim, em reticências. Com um casamento possível-provável, muitas burocracias internacionais no horizonte, uma mochila de trinta litros cheia de materiais de desenho, uma casa emprestada, um namorado um pouco turco-um pouco canadense-um pouco alemão. Sem planos, sem fronteiras, sem esquadros, sem vontade de entender ou esperanças de ser entendida.

Bem do jeito que tem que ser, porque onde há definições, não se engane - também há limites. O traço disforme é mais difícil de caber nas réguas, só que em compensação tem muito mais espaço pra correr

: Eu.

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Published on December 17, 2015 20:19

December 2, 2015

Marque as páginas do livro do seu coração

Foi este ano, em abril.

Eu estava no norte da Índia. Depois de 5 semanas, meu namorado foi embora, e eu tinha três semanas a mais. Comecei a escrever "O mundo sem anéis" em Rishikesh, e de repente fez muito calor. Sentei no meu quarto, sozinha, pra meditar, e a idéia veio: quero lavar a minha vida inteira, fazer tudo do início, ser criança de novo. Um livro tem que ter começo, e começo só pode ser assim.







A -6 graus, na nascente do Ganges, no meio de lugar nenhum: os Himalaias





A -6 graus, na nascente do Ganges, no meio de lugar nenhum: os Himalaias








No outro dia, estava claro que precisava oferecer a minha vida ao destino e à água. Comprei uma passagem de busão. No meio de uma diarréia delirante que lavava tudo numa limpeza muito pouco poética, peguei o ônibus desengonçado. Fui pros Himalaias sozinha e com pouca grana. Queria conhecer a cidade sagrada: Gangotri, um lugar pequenininho no meio do nada. Lá onde começa o Ganges - a representação do sagrado absoluto. O rio que é uma deusa. A pureza intocada.

***

Não tinha muita gente por lá, e estava frio. Comer muito, nem pensar, que a dor de barriga não ajudava. No acaso dos acasos, conheci uns indianos, e combinamos com um guia de caminhar por dois dias até a nascente do Ganges, no meio do gelo.

Foram oito horas. Chegamos a lugar nenhum, e nesse lugar onde não tinha ninguém encontramos uma cabana. Recebemos comida e um quarto. O sadu que morava ali abriu uma porta de tapume, e lá dentro deitamos no chão, debaixo de uma coberta fedida, sem travesseiro. Fazia - 6 graus, e era 4 da tarde.

Às 6, tentei levantar pra ir no banheiro, mas caí. O guia me encontrou no chão e logo depois me levantou.Tentou me dar comida, mas tudo saía pra fora naquela dor de barriga de cachoeiras internas infinitas. O diagnóstico veio rápido: a 4000 metros, eu estava com uma gravíssima reação à altitude. Naquela noite, eu perdi a consciência e voltei, muitas vezes. Rezava para o Ganges e fazia meditação. Ele ficou sentado do meu lado, massageando minha testa e recitando mantras, que os indianos são assim: lindos. À nossa volta, só os Himalaias e o rio gelado, pequenininho nas nascências de si mesmo. Não pegava celular.

Ele estava preocupado.

Eu também.

* * *

Quando consegui voltar pra Delhi, quem me acompanhou no ônibus foram os oito herpes que se abriram na minha boca e os meus cinco quilos a menos. Essa coisa de pedir pureza tem isso: te virar do avesso, te transformar em outra, acabar com tudo que você achava que era estável e previsível. Uma avalanche me explicou que purificar não era o que eu imaginava.

Do lado do meu hostel vagabundo, encontrei um quiosque com uns cartões expostos. Achei lindo, disse que queria, e o moço me pediu pra fazer a arte na hora. No outro dia eu pegava o voo de volta pra casa com mil marcadores impressos em papel artesanal.

* * *
















A uma semana do lançamento do meu primeiro livro, "o mundo sem anéis", sento na frente dos marcadores pensando que agora eles têm páginas pra marcar. E que para além dos meus planos e idéias, o livro já não me pertence tanto: eu, que uma vez ofereci minha vida à pureza, agora me ofereço - morrendo de medo - ao leitor.

São uns pedaços pequenos de papel, e o texto eu desenhei na pressa, naquela tarde em Delhi. Veio sem querer, mas a vida tem suas perfeições:

O MUNDO SEM ANÉIS. 100% AMOR. ABRIR COM CUIDADO.


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Published on December 02, 2015 18:38

November 12, 2015

meu gato no saco

Você vai na lojinha e encontra objetos embrulhados. Tamanho, preço e peso diferentes, mas todos com o mesmo tipo de embalagem. Não dá pra abrir. Não dá pra descobrir o que vem dentro. Não dá pra apalpar.

Em português, uma tradução possível é algo como "gato no saco". O original é Katze im Sack, que é o jeito como os alemães chamam essa coisa esquisita que eles inventaram: comprar algo sem saber o que é.

Aproveite que está perto do natal e escolha o pacote mais caro de todos. Aquele do cantinho: o que custa uma fortuna, mesmo sendo menor. Compre desse jeito, sem saber pra quê, exatamente, ele serve. Leve sem pensar se vai ser útil pra alguém, se você ou um parente seu algum dia precisou, se é bonito, se vai agradar. Caminhe de volta pra casa com seu presente de dois milhões de dólares que vem dentro de uma sacolinha de papel marrom-escuro, inescrutável. Talvez ele seja lindo, talvez seja um pesadelo. Pode ser um ramalhete de flores de plástico. A única clareza que se tem é a de que não se tem nenhuma garantia.  Sem risco não existe Katze im Sack.  Às vezes é preciso deixar de lado. Há momentos assim, em que não dá pra levar x sem renunciar aos confortos de z. Aqui, na lojinha dos mil sacos, não existe espaço pra arrependimento e nem pra hesitação: o que estão te pedindo é a confiança de abandonar-se à própria sorte. Existe uma chance de a surpresa ser melhor que o planejado. Uma mão cheia de dedos tem mais espaço quando faltam anéis. Já pensou? E se? Pode ser, também, que o pacote pequenininho guarde o seu sonho, e mais além - aquilo que você jamais teria podido escolher, porque de tão inconcebivelmente maravilhoso você nunca tinha conseguido imaginar.

Por respeito e deferência, que as honras todas sejam feitas neste post inaugural. Meu novo blog, que você está conhecendo agora, vai batizado com o nome da minha recém-adotada metafísica do imprevisível. Pensei antes de tudo no aportuguesamento "gato no saco", mas acabei não resistindo ao original adorável, em alemão.  O nome deste blog é Katze im Sack.

 

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Published on November 12, 2015 04:35