Capítulo 2: ansiedade pré-aniversário

An.si.e.da.de


Desejo veemente e impaciente. | Falta de tranquilidade, receio.


Tá aí uma palavra que poderia facilmente ser meu nome e sobrenome. Ô substantivo que me define bem. Sou ansiosa até o último fio de cabelo (não posso falar até a pontinha das unhas porque elas estão todas roídas. Adivinhem o que causa isso?  … Exatamente!)


Meu aniversário se aproxima. Farei 26 anos na sexta agora, dia 23/6. E que motivo divino para deixar as unhas crescerem só para poder roer tudo de novo e de novo!


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A cada ano meu humor pré-aniversário está diferente. Tem ano que eu quero fazer uma baita festa e reunir todo mundo que eu gosto e tem ano que eu penso que só ir a um restaurante com os pais e o namorado está de bom tamanho. Esse ano resolvi levar pais, sogra e namorado para passar um dia em Penedo (o que acabou se revelando uma ótima oportunidade para arrastar meus pais para fora de casa um pouquinho. Uma grande vitória).


Mas, voltando ao humor (porque canceriano gosta é disso mesmo), esse ano senti uma coisa bem diferente dos aniversários anteriores: fiquei tensa. Muito tensa. Como já falei, vou fazer 26, e todas as pessoas mais velhas adoram opinar sobre como ainda sou nova e como ainda tenho tanta coisa pra viver. É claro que sim, não é que eu discorde. Muito pelo contrário.


É só que eu sinto como se meus pais tivessem assinado um termo de responsabilidade que só vai até os 25 anos e, com 26, eu estarei completamente sozinha com os meus próprios anseios, as minhas responsabilidades e muitas, mas muitas decisões difíceis para tomar em relação ao meu futuro e aos meus próximos passos.


Tem um jogo bem famoso que eu adorava jogar quando era mais nova chamado “The Sims”. Bom, vocês devem conhecer, mas, para quem não conhece, nesse jogo você basicamente brinca de controlar pessoas. Você escolhe as características físicas dessas pessoas, constrói a casa delas e controla suas ações. Há um espaço que mostra as necessidades de cada “Sim” (o nome dos bonecos): se eles precisam comer, ir ao banheiro, se precisam de lazer, se precisam interagir com outros “Sins”, etc.


Tá, mas por que eu estou falando sobre esse jogo?


É que, quando um “Sim” ia fazer aniversário, em vez de esperar ele ficar mais velho “naturalmente”, você poderia acelerar o processo apenas clicando no “Sim” e escolhendo a ação “Crescer”. Um. Simples. Clique. E, pá!, a criança virava adolescente, o jovem adulto virava adulto e por aí vai. À força. Às vezes sem nem uma festinha legal para comemorar a data nem nada.


Essa é a melhor analogia possível! Já na madrugada do dia 23, antes mesmo de eu acordar, a primeira coisa que vai acontecer é que alguém vai clicar em mim e escolher a ação “Crescer”. Sem nem esperar eu acordar. Sem eu nem entender o que está acontecendo (vida adulta é isso, né, gente?). E aí, pum!, eu vou virar adulta, o sonho de toda criança (só porque elas não sabem nada sobre trabalhar e pagar boletos. Mas se você tem o próprio dinheiro e pode beber quanto vinho quiser, então acho que acaba compensando um pouco).


Eu planejo algumas coisas e tenho sonhos que me assustam. Demais. Por serem completamente diferentes de tudo o que vivi até agora, por exigirem muita responsabilidade, risco e coragem. Mas olha, eu sei que um dia vou olhar para trás e pensar duas coisas. A primeira é: nossa, como eu era dramática. A segunda é: valeu a pena o esforço!


Haja unha para aguentar a ansiedade dos 26, viu? Que seja um ano bom e cheio de realizações. Quando as pancadas vierem, que eu consiga me reerguer. E, é claro, que eu sempre tenha as melhores pessoas por perto para me apoiar e zelar por mim. E que eu esteja enganada sobre o termo de responsabilidade dos pais e ele dure mais alguns anos só até eu entender melhor essa coisa de ser adulta. Um brinde ao novo ano (com um vinho do Porto bem docinho).


 

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Published on June 19, 2017 19:00
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