Paula Mota’s Reviews > Uma Só Carne com a Noite > Status Update
Paula Mota
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POEMA CONTRA O AMOR
Às vezes não temos vontade de amar quem amamos
damos por nós a virar a cara à cara
cujos lábios poderiam levar-nos a desistir da raiva
esquecer ofensas furtar a tristeza de não ter vontade
de amar vira costas e torna a virá-las ao pequeno-almoço
à noite não tires os olhos do jornal
(...)
Pelo inverno vira costas é a única coisa que podes
fazer para na tua idade te salvares do amor
-Grace Paley
— Dec 15, 2025 06:51AM
Às vezes não temos vontade de amar quem amamos
damos por nós a virar a cara à cara
cujos lábios poderiam levar-nos a desistir da raiva
esquecer ofensas furtar a tristeza de não ter vontade
de amar vira costas e torna a virá-las ao pequeno-almoço
à noite não tires os olhos do jornal
(...)
Pelo inverno vira costas é a única coisa que podes
fazer para na tua idade te salvares do amor
-Grace Paley
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Paula’s Previous Updates
Paula Mota
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MALAS
malas são malas
são despedida
são couro
são toca-me
são enche-me
e sair outra vez
são barrigas
são casinhas
são Ir-daqui-
para-ali
e daí
ah
para mais além
- Ilma Rakusa [Eslováquia]
— Dec 17, 2025 01:11AM
malas são malas
são despedida
são couro
são toca-me
são enche-me
e sair outra vez
são barrigas
são casinhas
são Ir-daqui-
para-ali
e daí
ah
para mais além
- Ilma Rakusa [Eslováquia]
Paula Mota
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Na casca dos teus olhos
hiberna uma estrela dura, uma jóia eterna.
Mas a tua voz é um mar que sossega
numa foz de antigas conchas,
onde as mãos se cobrem de flores, e a palma
se espanta no céu.
És também uma erva, uma laranja, uma nuvem...
Amo-te como uma terra.
[Gesualdo Bufalino - Itália]
— Apr 21, 2025 10:59AM
hiberna uma estrela dura, uma jóia eterna.
Mas a tua voz é um mar que sossega
numa foz de antigas conchas,
onde as mãos se cobrem de flores, e a palma
se espanta no céu.
És também uma erva, uma laranja, uma nuvem...
Amo-te como uma terra.
[Gesualdo Bufalino - Itália]
Paula Mota
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RELÓGIOS SOLARES
O teu relógio
ao pé do meu relógio
no parapeito da janela
ao sol da manhã.
Bebem
solidários a luz
para que possam
cumprir sempre o seu dever
de nos mostrar
o vagar
com que envelhecemos juntos
tu e eu.
[Franz Hohler - Suíça]
— Mar 27, 2025 08:19AM
O teu relógio
ao pé do meu relógio
no parapeito da janela
ao sol da manhã.
Bebem
solidários a luz
para que possam
cumprir sempre o seu dever
de nos mostrar
o vagar
com que envelhecemos juntos
tu e eu.
[Franz Hohler - Suíça]
Paula Mota
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Quero voltar à minha matéria,
quero voltar ao que disse,
quero encerrar a divagação,
pôr o sinal de parênteses que falta
para fechar o outro, que não encontro,
quero voltar à planície verde.
Ou não o encontro porque não o abri,
já estava aberto
e tudo o que disse foi entre parênteses,
e toda a minha matéria foi uma divagação
e não há planície verde à minha espera.
-Fabio Morábito, México-
— Feb 22, 2025 02:56AM
quero voltar ao que disse,
quero encerrar a divagação,
pôr o sinal de parênteses que falta
para fechar o outro, que não encontro,
quero voltar à planície verde.
Ou não o encontro porque não o abri,
já estava aberto
e tudo o que disse foi entre parênteses,
e toda a minha matéria foi uma divagação
e não há planície verde à minha espera.
-Fabio Morábito, México-
Paula Mota
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BOA POSTURA
Encontro uma boa posição
entre o sofá,
o travesseiro, o cobertor macio,
os livros.
Ninguém aparece,
embora eu não perca a esperança
de que entre e diga
com reprovação:
este governo também caiu,
e tu estás a ler Lao Tsé.
Ao que eu responderei:
justamente.
- Ekaterina Yossifova, Bulgária -
— Feb 13, 2025 10:03AM
Encontro uma boa posição
entre o sofá,
o travesseiro, o cobertor macio,
os livros.
Ninguém aparece,
embora eu não perca a esperança
de que entre e diga
com reprovação:
este governo também caiu,
e tu estás a ler Lao Tsé.
Ao que eu responderei:
justamente.
- Ekaterina Yossifova, Bulgária -
Paula Mota
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O que é pode ser expresso
numa outra língua
que esquecemos à nascença.
Às vezes, porém, regressam a nós certas palavras:
por exemplo, ao andar pela praia
sem pensar em nada, sem laivo de preocupações,
sem um tostão...
Os seixos falam-na, lentamente,
sem o menor sotaque.
[Doris Kareva- Estónia]
— Jan 22, 2025 02:16AM
numa outra língua
que esquecemos à nascença.
Às vezes, porém, regressam a nós certas palavras:
por exemplo, ao andar pela praia
sem pensar em nada, sem laivo de preocupações,
sem um tostão...
Os seixos falam-na, lentamente,
sem o menor sotaque.
[Doris Kareva- Estónia]
Paula Mota
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MEDO
O medo passa de homem para homem
Sem saber,
Como uma folha passa o seu frémito
A outra
De repente a árvore inteira está a tremer
E não há nenhum sinal de vento
[Charles Simic - EUA]
— Jan 15, 2025 08:12AM
O medo passa de homem para homem
Sem saber,
Como uma folha passa o seu frémito
A outra
De repente a árvore inteira está a tremer
E não há nenhum sinal de vento
[Charles Simic - EUA]
Paula Mota
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FEITIÇO
pousa
a palma do teu
destino
na palma do meu
destino
[Birute Mar - Lituânia]
*************************
Percorro-me muda
como o bater de asas do mocho.
Com vagar de brasas
e celeridade de pés descalços.
[Cèlia Sànchez-Mústich - Espanha]
— Jan 04, 2025 08:24AM
pousa
a palma do teu
destino
na palma do meu
destino
[Birute Mar - Lituânia]
*************************
Percorro-me muda
como o bater de asas do mocho.
Com vagar de brasas
e celeridade de pés descalços.
[Cèlia Sànchez-Mústich - Espanha]
Paula Mota
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A luz pára sobre
o arbusto:
zumbe.
A sombra
duplica o silêncio
do ausente.
Tanta noite,
este esperar
sem espera.
Este viver
que se escoa
devorando-se.
[ANTONI CLAPÉS, Espanha]
— Dec 05, 2024 03:07AM
o arbusto:
zumbe.
A sombra
duplica o silêncio
do ausente.
Tanta noite,
este esperar
sem espera.
Este viver
que se escoa
devorando-se.
[ANTONI CLAPÉS, Espanha]
Paula Mota
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Andar
sem nada alcançar
até nos tornarmos caminho
****************
Avanço sem rede
de estrela em estrela
deslizando através dos buracos negros
salto de luas para sóis
Balanço-me nos limites
da terra
já não lhe pertenço agora
Porque este poema é uma mentira
tem o direito de ser belo
- Anise Koltz, Luxemburgo -
— Nov 13, 2024 11:20AM
sem nada alcançar
até nos tornarmos caminho
****************
Avanço sem rede
de estrela em estrela
deslizando através dos buracos negros
salto de luas para sóis
Balanço-me nos limites
da terra
já não lhe pertenço agora
Porque este poema é uma mentira
tem o direito de ser belo
- Anise Koltz, Luxemburgo -

