Tiago’s Reviews > O tradutor cleptomaníaco e outras histórias de Kornél Esti > Status Update

A Derradeira Conferência - 4

Kornel Esti é convidado para dar uma conferência numa cidade do interior da Hungria. O estranho e inusitado faz deste conto o desfecho perfeito para esta coletânea.

"Esti notou que ainda podia ter surpresas. Nunca estivera num hotel interiorano assim tão estranho. O elevador galopava, marchava em disparada, já há minutos, cada vez mais e mais para cima."

O fim do mundo - 4,5

Um dos contos mais reflexivos da coletânea. O que fazer quando sabemos que o mundo vai acabar e vamos morrer?

"O gênero de morte mais indolor é quando nada e ninguém fica depois de nós, não temos a quem invejar".

"Agora, note bem, só aquele que está preparado para morte é que pode viver, e nós, tolos, morremos, porque só nos preparamos para a vida e queremos viver a todo custo".

O Salva-Vidas - 4,5

Ao nadar no Danúbio, Kornel começa a se afogar mas é salvo por Elinger. Muito grato por ter tido a vida salva, Kornel quer conhecer Elinger e passa a conviver com ele. Só que o desgaste acontece. Final surpreendente.

"O que é demais, é demais. Reconheço que salvou minha vida. Mas a questão é para quem ele salvou: para mim ou para ele? Se continuar assim, então eu não quero mais a minha vida..."

Miséria - 4
Kornel recorda a história do poeta Sarkany. O conto surpreende pela "abordagem científica" que Kornel faz da miséria do poeta. Dividiu-a em três períodos: lírico, narrativo e dramático.

"Cavaleiro dos problemas de dinheiro, príncipe da fome, o rei do desespero. Em qualuqer parte do mundo poderia ser eleito o protetor dos abrigos noturnos, o presidentes de honra dos indigentes e sofredores."

O pai e poeta - 3,5
Kornel chama um amigo para ler um poema que acabou de escrever. O amigo tem o filho doente e está aflito. Ao mesmo tempo Kornel também sente uma certa aflição com o seu poema (que também vê como um filho).

O farmacêutico e ele - 3,5
Kornel passa por uma farmácia e vê uma vitrine muito simples e praticamente desprovida de produtos. Um conto com um final surpreendente.

O Presidente - 5

Kornel conta uma história a respeito dos anos em que viveu na Alemanha. Fala sobre o Barão von Wustenfeld, presidente inúmeras associações culturais, literárias, etc.O presidente tinha uma característica peculiar: sempre dormia quando algum conferencista começava a apresentação e acordava extamente no momento em que a apresentação termiava. O conto é uma grande peça elogiosa ao presidete. Genial!

O Manuscrito - 5

Kornel recebe um manuscrito (1308 páginas) de uma autora conhecida dele e simplesmente não consegue ler. Tempos depois ela pede um feedback e o resultado é engraçadíssimo.

"Ja lera algum de seus escritos. Quando me recordo deles, tenho ainda de cerrar meus maxilares para evitar uma crise de bocejos. Se os soníferos mais fortes não me fazem efeito, é só trazê-los à mente, e no ato o sono me invade"

A mentira - 5

Uma reflexão permeada de bom humor e muitas verdades. Genial.

"As mentiras querem ser verossímeis - é esse o seu sinal de reconhecimento - e assim, quando as pessoas ouvem um absurdo tão improvável, tão audaz, a última coisa que pensariam é que estão ouvindo uma mentira"

"Em toda mentira feminina existe um pingo de verdade. Esta é a base moral de suas mentiras. E é por isso que são perigosas".

O desaparecimento: 4,5

Kornel relata o súbito desaparecimento do seu amigo Kalman. O conto é interessantíssimo pois vamos vendo como os amigos e família mudam com o passar dos dias.

"Só então notei que curiosa relação temos com os desaparecidos.São criaturas de mau agouro, que vivem uma vida dupla, vivos e mortos ao mesmo tempo, homens e assombrações, cidadão deste e doutro mundo, e não sabem a qual pertencem"

O Dinheiro - 5

Um poeta recebe uma herança mas não pode ficar com o dinheiro porque acredita que isso irá destruir a sua reputação.O conto trata das artimanhas que ele utilizou para distribuir o dinheiro mantendo o anonimato.

- Escute: um poeta rico, entre nós? É um total absurdo. Em Budapeste, quem tem um pouco de dinheiro é considerado um palerma. Se tem dinheiro, por que deveria ter algo na cabeça[…]?